quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Brincando de arqueólogo ou Filosofices baratas e mal escritas

Voltei na casa da minha infância. Não sei o que me deu, simplesmente resolvi aparecer por lá pra ver se as coisas ainda eram do jeito que eu lembrava. Primeira impressão: eram.
Tudo estava lá, do jeito que devia estar. As mesas, armários, cadeiras, aquele corredor gigante que me dava medo... Tudo do jeitinho de sempre, como que intocados por mãos indevidas.
Eu estava extasiado. Era tudo tão perfeito, como eu queria que fosse... Era tudo tão bonito, como a casa de qualquer infância costuma ser. Era tudo tão estável... Estranho! Estava tão contente com o que via, mas me sentia alheio àquilo tudo... A minha casa perfeita não era mais a minha casa... Faltava algo. Não sabia o que era, mas que faltava faltava... Ah se faltava!
E eu saí à procura desse algo. Podia estar em qualquer lugar, podia ser qualquer coisa....
Abri então o velho armário onde guardavam os panos de prato. Ahhh... O horrível cheiro de mofo entrou de maneira agradável no meu nariz. Nunca ninuém conseguiu tirar aquele cheiro do armário. Nunca! Que surpresa! E eu ri como ri uma criança... Olhei no guarda-roupas dos meus pais. Ali na gaveta de cuecas do velho, ainda estava escondida aquela fita pornô... Coloquei no vídeo e me surpreendi quando vi aquelas cenas! A surpresa de quem não conhece, surpresa como que de uma criança...
E eu continuei a procurar e a brincar e rir e a me assustar com a caneta bic atrás da estante, com o vaso quebrado e colado, com o cano furado jorrando água... A casa de repente desmoronou e eu fiquei sozinho no meio daquelas ruínas. Mas eu já não ligava mais. A casa da minha infância não era a casa perfeita, só era a casa da minha infância. Toda uma existência que eu podia chamar de minha.

3 comentários:

Thaís disse...

Bravo! Bravíssimo! *aplausos*
Muito bom, Zé!

Vinicius disse...

"back to the old house", smiths. bacana!

Eros Secundus disse...

arrumei o texto joselito