quinta-feira, 19 de julho de 2012

Véi


Hoje, minha vontade era de escrever um poema. Sentei, pensei, peguei papel e lápis como eu costumava fazer antigamente... Mas não saiu absolutamente nada. É engraçado como parece que antes eu tinha uma facilidade enorme de colocar a vida em versos. Hoje, isso sempre parece uma prisão. Parece que a métrica de um poema só vem pra castrar tudo aquilo que está escondido, que quer escapar... Hoje, não consegui metrificar, mas preciso expurgar um pedaço de mim que vem deteriorando minha razão.
Enquanto a vida vai passando, tenho pensado sobre a passagem da vida. Sentido a velhice... Tão velho e tão novo... Vivi meus últimos anos com tanta intensidade... Ainda não vivi nada.
Estava no youtube, ouvindo as mesmas canções que venho ouvindo há tempos. Achei um vídeo muito bonito de Caetano, Bethânia e Dona Canô cantando juntos. Assisti repetidas vezes; como se a voz de Bethânia já não fosse motivo suficiente pra ficar ali por tempo indeterminado, reparei na expressão da velha mãe... Lembrei da minha vó, quando cantamos com ela alguma canção antiga... É a mesma expressão. Aquela face de quem assiste a um filme inteiro enquanto aprecia os versos e a melodia de uma velha amiga música. A face de quem viveu tantas histórias, que nem pode mais contar.
E lá no fim, envelhecer é só isso... É ter mais vida guardada na memória do que espalhada no presente. A velhice é um olhar que vagueia, procurando lá dentro o que juventude procura pelo mundo: a nós mesmos.
Fique com o vídeo, que eu vou dar umas bandas por aí.



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